quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Mulheres ao volante

Apesar de ser mulher e defender meu gênero na direção, algumas podiam ser mais atentas e tentar evitar a vergonha que nos causam. Esses dias, vi uma delas subir a calçada de uma quadra comercial na Asa Norte e chegar a milímetros do degrau de um estabelecimento. Nem quis pensar se estivesse passando alguém no momento. Acredito que ela devia ser um daqueles motoristas de domingo (era domingo), pegou o carro – bacana, diga-se de passagem (daqueles grandes de “pai ou mãe de família”) – e não sabia se a ré era pra cima, pra baixo ou vou eu lá saber como anda a modernidade automobilística. Fico irritada quando as mulheres fazem barbeiragens nas ruas. Só contribui mais ainda para a máxima “mulher ao volante, perigo constante”. E eu, acredito até hoje, não faço parte desse grupo ameaçador. Nunca bati o carro, mas tive meu automóvel lesado por motoristas homens por duas ou três vezes (uma nunca vou saber, mas um shopping se responsabilizou pelo estrago). Mas admito que careço daquela proteína que dá norte às pessoas. Nasci em Brasília e, até hoje, me perco nas tesourinhas, além de que jamais poderei viajar sozinha. Quem já foi meu (minha) companheiro (a) por aí afora sabe bem do que estou falando. Uma amiga, inclusive, me proíbe de qualquer aventura pelo exterior sem uma pessoa devidamente orientada ao meu lado. Nem um mapa é capaz de me ajudar. Mas, voltando à brincadeira anterior, peço: “Mulheres, controlem-se no banco do motorista”. Nós somos capazes, sim, de dirigir com prudência, assim como mostramos nossa competência em diversas áreas. Contenham-se, por favor! E que eu não “pague a língua” por este papo.

Publicado na seção Papos da Cidade da 6ª edição da revista MeiaUm

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Oração do desempregado

Empregador que estais no comando,
esperançoso seja o vosso contrato,
vem a nós a vossa empresa,
seja feita a vossa seleção
assim no mercado como no olho da rua.

O pão nosso de cada dia nos dai sempre,
perdoai-nos as nossas falhas,
assim como nós perdoamos
a quem nos tem dispensado,
não nos deixei cair em desespero
mas livrai-nos do desemprego.

Amém.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Respeito, pelo menos, aos fumantes

Não quero aqui fazer apologia ao cigarro, muito menos tecer elogios ao vício ou aos viciados. Mas, fumante que sou, me incomodam os narizes torcidos em minha direção ao inalar a fumaça do meu Marlboro Light em lugares permitidos. Nos fumódromos ou em áreas abertas – sou uma fumante respeitosa, mesmo em locais ao ar livre ou em bares sempre olho em volta para ver se quem está mais próximo pertence à tribo em extinção –, há sempre os chatos de plantão que gostam de incomodar os outros com o seu incômodo. Não que eles não tenham razão, mas fumódromos são para quê? Por que um não fumante que odeia cigarro se senta numa área reservada aos fumantes?

Coisa pior são aqueles comentários que se tem de ouvir quando se está solitariamente pensando na vida e fumando seu cigarro tranquilamente. “Você é tão bonita para fumar!” “Você não combina com cigarro.” “Você sabe que cigarro faz mal?” Antigamente, perguntas ou afirmações desse tipo ainda me faziam dialogar com a pessoa ou tentar ser educada. Hoje simplesmente ignoro ou dou um sorrisinho amarelo para o indivíduo se tocar do comentário cafona e sair de perto.

Pior ainda é se você reparar em quem critica um fumante. Já prometi a mim mesma que se o próximo chato que aparecer for gordo, ele que reze para eu me segurar e não ser obrigada a dizer: “Eu controlo o que você come?” Um é viciado em cigarro e outro é viciado em comida. Por que diabos então censurando o mau hábito do outro? Nada contra quem está acima do peso, pois eu também preciso enxugar as gordurinhas. Mas, como se diz por aí, cada um no seu quadrado. Uma amiga minha já cumpriu o juramento. Quem sabe eu não me junto ao time. Fumantes, uni-vos! Vamos pedir respeito e nos juntar nos fumódromos, se é que existe um perto de você, porque até isso estão tentando eliminar.

Publicado na seção Papos da Cidade da 5ª edição da revista MeiaUm