segunda-feira, 31 de março de 2014

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Acordei ínfima. Vi tudo tão pequeno, tão mínimo, tão insignificante, tão inútil. Nada faz sentido. Nem o caminho rotineiro, nem o passar das horas, nem a comida a ser mastigada, tampouco o trabalho a ser feito. Senti-me como se não me pertencesse. Estranhei o corpo que habitava, estranhei a razão das oito horas diárias, estranhei qualquer palavra verbalizada. Como se tudo fosse tão estranho de tão automatizado e sem qualquer sentido, norte, vocação, desejo. Nada familiar nessa estranheza toda. Nem o céu ao amanhecer nem o céu que escurece. Uma preguiça da ignorância própria que não se descobre. Uma inércia que é ela própria que leva o corpo ao banheiro, as mãos a digitar, a boca a responder. É como se meu cérebro tivesse se transportado ou tirado férias. Gestos programados, horários ditados, respostas fabricadas...