domingo, 8 de março de 2015

Dia da mulher

Neste dia que, às vezes, passa tão desapercebido e desimportante para alguns, penso em mim como mulher, além de em todas as outras mulheres, mas, principalmente, em mim porque sou a mulher que, talvez, eu mais conheça. Não falo das roupas curtas ou decotadas porque elas não fazem parte ou não fazem mais parte do meu guarda-roupa. Falo de como nos vemos como mulher ou como os homens nos veem. Para alguns, somos apenas uma ferramenta orgásmica masculina, algumas das vezes, inclusive, por nossa própria culpa pela liberdade que buscamos. Alguns nos exigem corpo em forma, pele perfeita, personalidade fácil. Aos poucos, tento aprender com os meus erros, que não são poucos, e a me aceitar, com esses erros e aprendizados. Além disso, tento me aceitar com as novidades que a vida me traz com os anos. Ganhei peso com a descoberta da resistência à insulina. Ganhei feridas, marcas e manchas com a psoríase. Cuido do meu rosto para que o melasma não me entristeça mais tanto. Aceito meus fios brancos. E tento aceitar também minha maior fraqueza: a franqueza. Pago um preço alto por isso porque essa franqueza me acompanha em todas as mulheres que sou: filha, profissional, ex-namorada, amiga. Recebo críticas por expor minha franqueza, por mostrar minhas fragilidades, minhas angústias. Mas é difícil usar uma camisa de força para impedir o que me é tão natural. Não sei jogar, não jogo. Não sei fingir, estampo em minhas feições. O que sinto, digo, escrevo, grito. Neste dia e em todos os outros, quero a liberdade de ser quem sou, com todos os meus defeitos e as minhas virtudes. Quero ser criticada, levar broncas, mas gostaria que minhas ações ou inações não desvirtuassem o verdadeiro sentido. Sim, sou uma romântica, uma sonhadora. Acredito em um mundo melhor, em pessoas melhores, em melhores seres humanos, em uma melhor de mim mesma. Não sou só jornalista, não sou só uma vagina, não sou só pele, não sou só erros. Sou uma pessoa e uma mulher em eterna busca e em eterno aprendizado. E, por conta deste dia, peço respeito por ser quem sou e por todas as mulheres, com suas tensões pré-menstruais, suas personalidades difíceis, suas bravezas, suas franquezas, seus romantismos, seus sonhos, suas vontades, suas liberdades, suas diferenças. É difícil ser mulher hoje, é difícil imaginar a mulher que serei. Mas me orgulho de ser mulher, com tudo que sou, não sou e busco ser. E que os homens e algumas ou muitas mulheres respeitem a mulher com quem convivem, trabalham, amam ou simplesmente compartilham um tempo mínimo em sua proximidade.