
Não perguntei o preço. Alguns motivos me impediram de vê-lo logo em seguida. Mas, em um domingo em que o Brasil parou para assistir a Felipe Massa correr em Interlagos ou para homenagear pessoas queridas no Dia de Finados, eu parei para conhecer mais do maior nome do samba. Um amor antigo que desconheço quando exatamente começou.
Angenor de Oliveira, conhecido como Cartola, é um dos artistas que ocupam o topo da minha pirâmide alimentar; é minha fonte de energia, alegria, admiração, respeito, veneração. Ouvir Cartola me transporta a outro mundo, é fechar os ouvidos para os ruídos de fora. É acreditar que se é grande sem ter (fisicamente, materialmente) nada. É a voz que dá um recado, é a melodia que abre um sorriso, é a letra que faz pensar, é a música da dor e do sonho.
É uma pena que o filme não signifique tanto ou que não revele com mais precisão a grandeza desse poeta que fundou a Estação Primeira da Mangueira. Mas vê-lo com Zica, com seu pai, com seu violão, com seus óculos grandes a esconder os olhos de um rosto delgado, são imagens preciosas para quem somente conhecia suas feições por fotos.
Falar de Cartola é não saber falar dele; é recomendar que se conheça, que se ouça, apenas. Aquele que não gosta, eu prefiro não saber.
“Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés
(O mundo é um moinho, Cartola)
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