13/05/2009
Clara Arreguy lança seu terceiro livro nesta quarta-feira
Ana Rita Gondim
Miria
É assim a história inicial do terceiro livro, segundo romance, de Clara Arreguy, editora do caderno de cultura do Correio Braziliense. Tempo seco, que será lançado nesta quarta-feira (13/05), às 19h30, no Bar Brahma (201 Sul), conta esses encontros e diálogos ambientados em corridas de táxi. Miriam e Rodrigues são os protagonistas, mas outros personagens, assim como o momento político do enredo, dão força às linhas inicialmente escritas durante as férias da jornalista.
Apesar das semelhanças entre Miriam e Clara, ambas vindas de Belo Horizonte e moradoras de Brasília, a autora avisa que o livro é uma ficção. “Miriam tem muito a ver comigo, mas é uma personagem mesmo. Ela não é autobiográfica, nem as histórias são reais”, elucida. Para provar a divergência entre as duas, Clara Arreguy conta que está satisfeita na cidade onde reside desde 2004. “Uma diferença é que a personagem chega a Brasília e tem uma adaptação difícil. Hoje eu sou feliz aqui. A personagem não, ela patinou aqui, é solitária, tem dificuldade de se relacionar com os desconhecidos, vive muito dessa conversa e dessa relação que dura enquanto o taxímetro está ligado”.
Ambientado no momento em que Luiz Inácio Lula da Silva torna-se, pela segunda vez, o presidente do país, a realidade é novamente trazida um pouco para a ficção nas páginas de Tempo seco. Política é outro assunto de que a autora gosta bastante e que foi tema de seu livro de memórias lançado em 2005, Fafich. Muitas das conversas nos bancos de táxis têm como base o momento da época. “Tem muita política no fundo, com personagens que defendem o Lula, que estava muito à frente nas eleições, ponho na fala dos personagens esse apoio. Mas a história é dela, não é a minha”, esclarece Clara, mais uma vez.
A imagem da capa e o título da obra remetem imediatamente ao quadrilátero central do Brasil, mas diz ainda mais. “A secura não é só meteorológica”, afirma a autora. Tempo seco é também a solidão de Miriam, de Rodrigues, da inabilidade em se adaptar, em construir laços, da dificuldade de se misturar onde tantos de origens diversas estão em convivência comum. “É uma marca da cidade e da infelicidade das personagens principais. Sou muito feliz aqui, mas muita gente não conseguiu. Ela é uma exilada”, pontua secamente a autora, em contraposição à “umidade” que transborda. Questionada sobre se era uma obra dramática, Clara afirma verbal e gestualmente: “muitos me perguntam isso e ele é um livro triste, sim”.
Nascida em 1959 em Belo Horizonte, Clara Arreguy é jornalista formada pela UFMG e escritora. Foi crítica de teatro, repórter, editora assistente de Cultura do Estado de Minas entre 1986 e 2004. Desde maio de 2004, atua como editora de cultura do Correio Braziliense. Ela é autora de Segunda divisão (romance, Editora Lamparina) e Fafich (memórias, Editora Conceito), lançados em 2005.
Publicado no Divirta-se

3 comentários:
não sabia que o grupo de associados-Minas era o mesmo de Brasília... interessante...
Aninha, amei o seu texto. Adorei ler a escolha e a ordem das palavras que voce usa. E como se voce se aproximasse do leitor.
beijo gigante!
É uma honra para mim estar no seu blog. Obrigada pelas palavras e parabéns pelo profissionalismo. Beijos, Clara
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