segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Respeito, pelo menos, aos fumantes

Não quero aqui fazer apologia ao cigarro, muito menos tecer elogios ao vício ou aos viciados. Mas, fumante que sou, me incomodam os narizes torcidos em minha direção ao inalar a fumaça do meu Marlboro Light em lugares permitidos. Nos fumódromos ou em áreas abertas – sou uma fumante respeitosa, mesmo em locais ao ar livre ou em bares sempre olho em volta para ver se quem está mais próximo pertence à tribo em extinção –, há sempre os chatos de plantão que gostam de incomodar os outros com o seu incômodo. Não que eles não tenham razão, mas fumódromos são para quê? Por que um não fumante que odeia cigarro se senta numa área reservada aos fumantes?

Coisa pior são aqueles comentários que se tem de ouvir quando se está solitariamente pensando na vida e fumando seu cigarro tranquilamente. “Você é tão bonita para fumar!” “Você não combina com cigarro.” “Você sabe que cigarro faz mal?” Antigamente, perguntas ou afirmações desse tipo ainda me faziam dialogar com a pessoa ou tentar ser educada. Hoje simplesmente ignoro ou dou um sorrisinho amarelo para o indivíduo se tocar do comentário cafona e sair de perto.

Pior ainda é se você reparar em quem critica um fumante. Já prometi a mim mesma que se o próximo chato que aparecer for gordo, ele que reze para eu me segurar e não ser obrigada a dizer: “Eu controlo o que você come?” Um é viciado em cigarro e outro é viciado em comida. Por que diabos então censurando o mau hábito do outro? Nada contra quem está acima do peso, pois eu também preciso enxugar as gordurinhas. Mas, como se diz por aí, cada um no seu quadrado. Uma amiga minha já cumpriu o juramento. Quem sabe eu não me junto ao time. Fumantes, uni-vos! Vamos pedir respeito e nos juntar nos fumódromos, se é que existe um perto de você, porque até isso estão tentando eliminar.

Publicado na seção Papos da Cidade da 5ª edição da revista MeiaUm

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