sexta-feira, 18 de julho de 2014

Silêncios

A tevê a cabo não funciona. O carregador do computador estragou. O telefone não toca. Os vizinhos não emitem sons. Devoro Marçal Aquino. Cama vazia. Apenas Madalena, minha gata, dorme ao meu lado. Lavo o carro na hora do almoço. Vou ao supermercado depois do trabalho. Tentativas de me mexer. Mas meu corpo não quer andar. Pernas tremem como a não quererem que eu siga. Respeito. Paro. Volto. Vou para onde me sinto bem. Bebo. Bebida me faz parecer normal. Durmo com a facilidade de um cansaço inexplicável. Acordo com as mordidinhas de Madalena no meu nariz. Enjoei de comer na rua. Invento possibilidades. Aspiro a casa. Lavo a louça. Limpo o banheiro de Madalena. Lavo roupa. Tomo banho. Volto a Marçal Aquino. Estou prestes a terminar o livro. É muito silêncio para calar a solidão.

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