E, num dia em que os Estados Unidos aprovam em todos os seus estados o casamento gay, decido ir além de colocar uma foto colorida. Questiono a beleza de todas aquelas fotos coloridas. A mim caiu-me muito bem postar a própria foto em arco-íris. E nisso pensei, por exemplo, se essas mesmas pessoas aceitariam seus filhos, gerados em suas barrigas, crescendo em seus lares, sofrendo com a desconfiança e o preconceito alheios, gays. Em resposta, fui criticada e agredida por alguns pela má interpretação, pela falta de cuidado com a leitura das palavras que escrevi.
Não coloquei a foto colorida simplesmente para ir contra à "manada". Apenas pensei e quis além. Questionei para que se pensasse além de um belo gesto. Recebi concordâncias de quem entendeu o que eu propus. Mas, em um caso, me apontaram a minha doença. Uma questão que não pus em xeque, apesar de ser "militante" para o esclarecimento de tantos que a desconhecem.
Não entendi a agressividade, principalmente, de quem conheceu grande parte da minha história de vida e de quem eu conheço um pedaço da história de vida. Choquei-me. Hoje fujo, o que posso, de problemas e discussões desnecessários. Foi apenas um raciocínio, uma reflexão que pensei positiva sobre mais uma vitória dos gays. Mas isso gerou repercussão negativa de alguns.
O comentário doeu-me fundo. Doeu-me pela qualquer falta de comparação entre ser homossexual e ter uma doença. Doeu-me pela ofensa gratuita. Doeu-me pela deturpação ou falta de interpretação de minhas palavras que apenas tiveram a intenção de pensar, desejar e sonhar além da fotos coloridas. Ao final, li que eu fui amarga em relação a um movimento bonito.
Li e reli. Olhei para dentro e me revirei. Em nenhum momento de minha vida, fui contra os direitos dos homossexuais. Em nenhum momento do que escrevi, fui contra mais uma vitória do bem no mundo. Minha doença e a alegada amargura foram duas das respostas que recebi.
Li e reli. Olhei para dentro e me revirei. Em nenhum momento de minha vida, fui contra os direitos dos homossexuais. Em nenhum momento do que escrevi, fui contra mais uma vitória do bem no mundo. Minha doença e a alegada amargura foram duas das respostas que recebi.
Estou cansada. E cansei-me ainda mais. Tenho medo do mundo. E tive ainda mais medo do mundo. Percebi como é possível a deturpação das palavras, do desejo, de um pensamento, de vários sonhos. Percebi como a falta de interpretação pode levar a julgamentos opostos. Percebi como pode existir uma agressividade gratuita por o que se entendeu errado. Percebi como se pode ser taxado por uma coisa que não foi defendida.
Eu quero a cura da minha doença. Não queria ter perdido uma pessoa por uma doença rara e incurável. Não queria ter perdido uma pessoa em um acidente de trânsito. Não queria que uma das pessoas que eu mais amo tivesse uma doença. Queria que um amigo voltasse a andar. E queria e quero muitas outras coisas. Mas, naquele momento, não foi sobre isso que falei. Naquele momento, não falei sequer da minha doença.
Sim, eu tenho muitos medos. E tenho, principalmente, medo do mundo.
Um comentário:
Ritinha, entendi o que você escreveu e meu pensamento foi no mesmo sentido que o seu. Eu colori a foto, mas sei muito bem que uma foto colorida não é mais importante que o respeito pela diversidade no dia-a-dia. Na época das manifestações, respeitei e admirei quem foi para as ruas. Mas escolhi não ir. Pois naquela época, o meu pensamento seguiu ao seu raciocínio. Mais importante que ir às ruas é tentar mudar um pouquinho o mundo no cotidiano. Eu gosto muito do Facebook, pois ele me permite contato com muitas pessoas queridas e me possibilita trabalhar pela causa da hipertensão pulmonar. Mas confesso que tem dias que sinto muita preguiça de redes sociais...
Um beijo, minha linda, com todo amor.
Flavinha
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