quinta-feira, 18 de agosto de 2016

"Só sei que nada sei"

Penso e não sei que avaliação fazer dos relacionamentos hoje em dia. Talvez o mundo careça de homens interessantes. Talvez a minha idade complique as coisas. Talvez o meu vício em nicotina afaste possíveis histórias. Talvez o desemprego faça com que acreditem que eu queira ser sustentada.

Confesso meu antigo preconceito em relação aos aplicativos para conhecer pessoas. Mas amigas quebraram esse meu julgamento. Conheço casais apaixonados e felizes que se conheceram por meio dessas ferramentas virtuais. Mas não tenho tido essa sorte, seja na vida real ou na internética, porque, afinal, acabam no mesmo plano da realidade. E entro e saio com grande frequência diante da minha impaciência.

Completo quatro anos de solteirice. Sim, “antes só do que mal acompanhada”. Mas acredito no amor duradouro. Tive minhas histórias em todo esse período, mas nada que fosse além de três meses. Minha teoria é a de que um trimestre é um tempo razoável para conhecer o outro, saber das afinidades, de gostos, de objetivos e parcerias e para sentir “borboletas no estômago”.

E apenas uma pessoa, em quatro anos, fez meus olhos brilharem e se emocionarem. Mas, como sou de cotas (isso fica para outro texto), ele mora, literalmente, no outro lado do mundo. Além dele, mais ninguém. Houve gente bacana e nenhum pouco bacana. Tive cavalheiros e cavalos ao meu lado temporariamente.

Também não sei se faltam verdades ou se as verdades são tão efêmeras. Você se arrisca, convida, conhece, se diverte e, depois, recebe mensagens, elogios, mas por cerca de apenas dois dias. Não sei se servimos também apenas para alimentar seus egos. Sem alimentação, acabou a graça. Me parece também isso. Mas não sei de nada. “Só sei que nada sei”. Mas gosto de pensar e brincar com as hipóteses.

Tento abdicar do sonho de viver a dois, de viver uma parceria saudável e feliz. Mas uma dorzinha lá dentro de não sei onde insiste em aparecer de vez em quando. Eu acredito no amor, mas acho que estou sozinha nessa crença. Às vezes, penso que as pessoas estão tão machucadas, ou tão confortáveis em seu mundo, ou haja tanta demanda que não vale a pena se entregar ou mergulhar em uma história sem garantia. Porque não há garantia.

Uma vez eu ouvi de uma pessoa em uma possível retomada de relacionamento que ela tinha medo de sofrer novamente, como se precisasse de garantias. Não posso oferecer isso. Além de que outra característica minha é não fazer promessas. Há coisas que não dependem só de nós. E nós nos surpreendemos com nós mesmos, seja de que forma for.

E essas elucubrações me lembram uma frase que li em algum livro. Procurei (porque tenho mania de grifar a lápis todos os trechos bem escritos, que adoraria ter escrito ou com que me identifico) e não encontrei. Era um autor que citava Byron, em que este disse algo mais ou menos de que, depois dos 30, é praticamente impossível apaixonar-se ou amar.

Que Byron esteja completamente enganado!

Publicado no blog Quadra Zero

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