terça-feira, 20 de setembro de 2016

Estar desempregada é...

Estar desempregada é não ter horário para nada, não ter despertador, não ter colegas de trabalho.

Estar desempregada é quase se tornar muda, a não ser que você tenha uma gata para conversar.

Estar desempregada é não precisar arrumar a cama. Ela torna-se seu habitat natural.

Estar desempregada é não lavar o cabelo todos os dias, mesmo que você tenha tido esse costume toda a vida.

Estar desempregada é abster-se da vaidade. Cada vez menos, você encontra pessoas. O máximo que você mantém é a higiene, própria, da casa e da gata.

Estar desempregada é como se jogassem todos os seus desejos pelo ralo e ainda ligassem o triturador. E, às vezes, você acredita que foi junto.

Estar desempregada é abdicar de grande parte dos seus maiores prazeres. Quase tudo parece perder o sentido.

Estar desempregada é assistir a vários filmes por dia. Se ainda estiver solteira, é comum chorar com os filmes românticos mais idiotas.

Estar desempregada é enviar seu currículo a dezenas de pessoas e, depois de um tempo, perder a esperança.

Estar desempregada é ser invisível, estar à margem, viver em uma espécie de prisão sem grades.

Estar desempregada é ser assaltada mais por lágrimas do que por risos.

Estar desempregada é nem conseguir mais ler o livro que você estava amando.
Estar desempregada é checar, todos os dias, o saldo bancário.

Estar desempregada é nem saber que os bancos estão em greve.

Estar desempregada é sentir saudade do que já passou e do que nem sequer existiu.

Estar desempregada é sofrer de preguiça mórbida.

Estar desempregada é esperar uma luz no fim do túnel.

Publicado no blog Quadra Zero

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