sábado, 24 de setembro de 2016

Jujuba

Tantas coisas são possíveis por meio das pessoas que amamamos. E hoje me surpreende um sentimento que surgiu por uma pequena, Ana Júlia, Juju, Jujuba, filha de Carla Rodrigues, Carlinha, Carlota, ex-colega de trabalho, grande amiga e parceria deste blog. Jujuba é depositária de sentimento comum e maior por mais pessoas envolvidas neste trabalho.

Demorou até que ela me olhasse, me desse um abraço. Depois de vários encontros, admirei-me quando, determinado dia, provavelmente porque não havia mais crianças para ela brincar no local, ela me puxou pelo vestido, sentei-me e ela logo sentou-se em meu colo. Naquele dia, virei sua cachorrinha Nina. “Cachorrinha Nina não bebe, não fuma, não fala”, dizia-me.

Sua imaginação e criatividade sempre me comoveram. Sua mãe, diariamente, me relatava as peripécias e os diálogos de Juju. Soube que a pequena viria ao mundo pelo seu pai, que foi colega de trabalho no Correio Braziliense. Anos depois, no Jornal de Brasília, conheço sua mãe. A intimidade tardou um pouco a chegar, mas, quando menos esperava, Carlinha virou amiga e confidente.

Hoje, a cada vez que vejo Jujuba, ela me traz experiências que jamais imaginaria. Eu, que nunca antes havia desejado ter filhos ou não tinha muita paciência com crianças, flagro-me com uma bagunça total de desejos e impossibilidades. E ela me comove com pedidos, carinho, brincadeiras, pulos e colos, além, é claro, do “tia Ana”.

Em uma comemoração, quando me dirigia à cozinha, passo pelo banheiro e a vejo sentada no vaso. Brinco com ela. Quando retorno, ela me pede ajuda. Já estava com o papelzinho na mão. Não hesitei em nenhum momento.

Em outra vez, participo da experiência da tentativa de arrancar seu dentinho da frente. Foram várias apelações, e ela se negou em todas. Lágrimas e gritos. Não havia mais o que fazer. Mas me comovia que ela pedisse meu colo nesse momento, que, em suas palavras, “era pior do que matar passarinho”. Outras de suas confissões que me surpreenderam era dizer, aos oito anos de idade: “O medo está me controlando, mamãe. Não vou conseguir superar”.

Depois de tanta luta, Carlinha coloca Juju para dormir. Me despido e, pouco depois, recebo a mensagem com a voz mais doce deste mundo: “Tia Ana, não precisa se preocupar. Eu já arranquei meu dentinho de cima, só que não foi a mamãe, também não foi a vovó. Foi a fada do dente”.

Impossível descrever todas as pequenas coisas que essa pequena me proporciona. Mas a mais emocionante foi ouvir, bem coladinha ao meu rosto: “Eu te amo”. Vieram um nó na garganta e uma ardência nos olhos. Minha reação, após essa declaração, foi replicá-la e abraçá-la forte.

Obrigada, Joãozinho, Carlinha e Jujuba, por todos esses momentos e tanto amor!

Publicado no blog Quadra Zero

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