sábado, 25 de abril de 2009

O leitor


O leitor é um belo filme. A sensação que o enredo provoca é semelhante a de outra película, A vida dos outros. Longas-metragens que tocam intimamente, talvez pela esperança com um gesto mínimo de humanidade que se vê perdida a olha nu no dia-a-dia. A obra de Stephen Daldry revela generosidade apesar do envolvimento em circunstâncias onde normalmente não haveria qualquer sentimento de compaixão, onde o desprezo costumaria ser coadjuvante ou ator principal.

Kate Winslet e David Kross estão admiráveis numa história que emociona, sem qualquer pieguice, numa espécie de pureza de sentimentos, conciliações e reconciliações. Isso tudo em contraposição ao Holocausto, na participação do genocídio que marcou a história mundial. E um caso de amor que marcou e problematizou a história dos protagonistas para sempre.

Difícil que isso possa ocorrer na atualidade, mas é recompensador que pelo menos tenha existido na mente do escritor e tenha sido adaptado para o cinema. Cenas de leitura de inúmeros livros a uma analfabeta, da visita aos campos de concentração, da gravação de leituras de obras depois de ter sido presa, do encontro após tantos anos, dos pés em cima de pilhas de tomos, o intuito de recompensar a perda causada por um amor do passado. Imagens simples que surpreendem o olhar sedento de surpresas. Simples, mas sensíveis.

“A sociedade acredita que é guiada pela moralidade, mas isto não é verdade.” Esta é uma das assertivas do filme, mas será? A sociedade seria guiada pelas leis, como propõe o filme? Eu, particularmente, acredito que a sociedade seja guiada a partir dos umbigos que cada um mira a todo instante, segundo suas próprias leis, morais, princípios e consciências.

Um comentário:

Jasão disse...

achei o filme meio chichézudo, Ana.