quarta-feira, 19 de novembro de 2008

C’est la vie

Uma imagem persiste no filme da minha mente desde a infância. Era um dia da semana, por volta das 19h, depois de sair da Escola Santo Antônio. Sentada no Tacho para comer algo que somente quando se é pequena não se engorda, paro, por um instante, para observar uma mulher que passava. Vestida com camisa, saia na altura do joelho, meia-calça e scarpins, logo após sair do expediente, ela fez-me imaginar como eu seria daqui anos.

Perguntei a mim mesma se seria bela, independente, segura, tranqüila, realizada, como ela projetava. Respondia afirmativamente, pois, em minha vã, curta e pequena filosofia pueril, achava que todo adulto se tornava assim. Por anos, não me preocupei com os anos que se passavam. “Serei adulta. Tudo virá, tudo se arrumará”, eu devia pensar.

Viajei e viajo até hoje a partir daquela imagem. Se, por momentos, me tranqüilizo, é porque acredito que a maturidade ainda virá. Se, por momentos, me agonizo, é porque concluo que a maturidade já chegou e não me vejo como aquela mulher ou porque, se ela ainda não chegou, parece tão distante que eu me transforme no que sonhei.

Costumo dizer que tenho inveja de quem, na infância, afirmava com a maior certeza: “eu quero ser tal coisa quando eu crescer”. Recordo-me somente de um dia, sentada próxima ao portão do colégio esperando meus pais me buscarem, quando fui questionada por um pai de algum coleguinha: “O que você quer ser quando crescer?”. E eu respondi: “Serei juíza”. Cresci e me tornei jornalista.

Um comentário:

Johnny na Babilônia disse...

Gostei muito do teu blog!

Vou acompanhá-lo à partir de agora.

Parabéns!

Bjos!