quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Laboratório dos ceús

Penso se aqui na Terra não seria um laboratório dos céus. Nós seríamos os ratinhos brancos manipulados por cientistas-deuses malucos. Já pararam para perceber aqueles seres andando em cima de esteiras numa academia? Não são semelhantes aos roedores que vemos dentro de gaiolas correndo desnorteados numa roda? Quer prova maior que isso?

Já fui uma ratinha, branquinha eu continuo, dessas de laboratório que andam em esteira. Talvez eu tenha evoluído porque não suporto mais aquele chão que anda sem que nós mesmos o iniciemos ou paremos. Minha promoção não foi lá essas coisas, talvez tenha me transformado num anfíbio de laboratório porque descobri paixão pela água. Prefiro as piscinas com águas que se movem naturalmente.

Outra coisa que me faz associar os bípedes, nós, aos animais de experiências são as coisas que dizemos e/ou pensamos. Freqüentemente, para não dizer sempre, me ocorre algo que desgosto, então falo ou penso e... Abracadabra! Como num passe de mágica, pago literalmente a língua e vivo exatamente aquilo que disse ou pensei levianamente. É como se existisse o deus-gênio-da-lâmpada, mas sem que nós saibamos que era um desejo, era apenas um desabafo pessoal.

O que me inquieta, no entanto, é que o que mais de sério digo, penso, sonho, desejo, imploro, não ocorre. Será que é por que de tamanho peso, o intervalo entre o pensável e o realizável é maior? Que isso requer trabalho não só de cientistas-deuses malucos e deus-gênio-da-lâmpada? Ainda preciso descobrir como isso tudo funciona.

São muitas provas que existem. É só parar para observar. E são tantas que enlouqueceria em transcrever. Não que eu esteja louca, ao contrário, buscar razões ou explicações são o que me faz lúcida. Já desconfiava o porquê de psicólogos não me atenderem por muito tempo. Antes que eles perguntassem, eu soltava um “acho que isso é porque...”.

Há um deus que vejo muitos sonharem em um grau maior que outros. Ele já inspirou diversos filmes, mas evito ter devaneios. É o deus-máquina-do-tempo. Imagine se pudéssemos voltar no tempo e mudar nossas escolhas? Parece simplesmente uma maravilha, mas imensamente perigoso. E se nossas segundas decisões fossem ainda piores que as pioneiras? Mmmmmmm... Difícil saber se não existir o deus-bola-de-cristal.

E uma coisa da televisão me fez pensar. Je n’aime pas beaucoup regarder la télévision, mas há coisas nela para as quais reservo meu tempo. Ontem, num programa, uma personagem disse que era da forma que era porque, bebezinha, lhe punham um babador com os dizeres: “as boas vão pro céu, as más vão para qualquer lugar”. Ela não é lá dessas pessoas muitas boas. Então lembrei-me de uma foto minha bem pequena em que eu estava engatinhando com os dizeres na fralda: “Sô da titia”.

Ui! Será que até assim pagamos a língua pela roupa que usamos involuntariamente quando ainda somos pequenos fantoches? Ok... Já me imaginava mesmo ficando pra titia anos atrás. Então, se um relacionamento termina, penso logo numa estante cheia de livros que serão lidos enquanto casais se acasalam e procriam, em vários tickets de cinema que se acumulam na carteira para só depois de deformadas serem jogados fora. Mas ainda assim a idéia de solteirice-coroa não me apetece.

E, pensando nesses deuses, ratos de laboratório, roupas infantis, pagamentos de língua, dirijo meu carrinho de laboratório, ligo o rádio e... “Esse papo já tá qualquer coisa, Você já tá pra lá de Marraqueche”. Será que existe o deus-caetano? Será que esses deuses podiam ser mais claros?

Se assim ocorrer, está aqui a prova:

2 comentários:

Anônimo disse...

Cada vez melhor, mais solta, agora rindo de si mesma, maturidade, que bom.

Ana Rita Gondim disse...

Que os deuses queiram que eu me torne "cada vez melhor"... rs