quarta-feira, 18 de março de 2009

Caixa Cultural abre as portas para duas mostras nesta quarta

Ana Rita Gondim
Do Correiobraziliense.com.br

Uma viagem ao teatro, desde a Grécia antiga ao Império Romano, da época medieval à Commedia dell´Arte, até Goldoni e o teatro contemporâneo. Essa é a proposta da exposição A Máscara Teatral na Arte dos Sartori: da Commedia Dell´Arte ao Mascaramento Urbano, que ocupa, a partir desta quarta-feira, a Galeria Principal da Caixa Cultural. Os amantes da arte podem pegar carona e viajar na mostra, composta por mais de 200 peças, entre quadros, objetos, máscaras de rosto e corporais exibidos no espaço.

São objetos produzidos por dois escultores italianos que são referência internacional na arte da confecção de máscara teatral: Amleto e Donato Sartori. De acordo com o ator e diretor do Teatro Commune de São Paulo Augusto Marin, Amleto e Donato são dois grandes escultores mascareiros do século XX. “Eles praticamente reinventaram a Commedia”, lembra.

Commedia dell’Arte é um gênero teatral surgido na Itália, no século XVI, que se caracteriza pela improvisação, pelo uso da máscara cômica, pelo grotesco, pelas obscenidades, pela relação direta com o público e pela crítica social. Augusto Marin explica que o gênero desapareceu por quase dois séculos. Amleto Sartori, então, inicia toda uma pesquisa, onde realiza trabalhos como escultor e resgata a máscara no século XX.

Após a Segunda Guerra Mundial, nasce a máscara neutra para traduzir a calma absoluta, o silêncio, e deixar o corpo do ator em evidência, além de promover o movimento corporal e a apuração dos gestos. Quando Amleto morre, em 1962, o filho, Donato Sartori, dá continuidade ao trabalho e vai além: cria outros tipos de máscaras neutras e da própria Commedia. Na década de 70, Donato inventa máscaras que cobrem todo o corpo. “É para expandir o conceito de máscara para além do rosto”, conta Augusto, explicando que os objetos eram utilizados em manifestações e protestos.

Nos anos 80, ele cria o conceito da máscara total, material que cobre não só a pessoa, mas um espaço público. É o chamado mascaramento urbano. “Na verdade, é uma grande teia, instalada em praça pública, onde acontecem eventos, espetáculos, manifestações. As pessoas interagem com essa teia. É uma mascara que resgata o ritual primitivo na cidade hoje tecnológica”, elucida Marin. “É um trabalho belíssimo, de sofisticação, de beleza estética incrível, de perfeição. São dois gênios que realmente revolucionaram, que trouxeram identidades perdidas, que fizeram e fazem parte do teatro mundial”, ressalta.

Além da exposição, a Commedia dell’Arte será tratada também em workshop nesta quarta-feira (18/03), às 19h, que será ministrado pelo ator e diretor Augusto Marin, do Teatro Commune de São Paulo. Na ocasião, os alunos podem conhecer um pouco mais sobre a história e a estética da Commedia dell´Arte. Criação de personagens e cenas e a exibição – em vídeo – de trechos de peças. “Vai ser uma grande festa, uma grande alegria”, alegra-se Marin.

Meio ambiente
A Caixa Cultural abre as portas nesta quarta-feira (18) para outra exposição que, para casar com uma preocupação bastante atual, tratará de sensibilizar as pessoas para um maior cuidado com o meio ambiente. Trata-se de Fauna e Flora Brasileira - Aquarelas de Álvaro Nunes, em destaque nas galerias Piccolas I e II. São 250 ilustrações científicas que revelam a exuberância e a diversidade da natureza do Brasil.

O artista confessa o lado militante da exposição: “É meio clichê, mas o objetivo é criar oportunidades de contato com as pessoas. O trabalho está estreitamente ligado em levar o conhecimento”, conta. Ele acrescenta que as crianças se afinarão bastante com a mostra devido à grande variedade de desenhos de animais, insetos e plantas.

O trabalho, segundo Nunes, é um aperitivo para o prato principal que será servido em 2010, quando haverá grande exposição com ilustrações do cerrado para comemorar os 25 anos do Jardim Botânico e os 50 anos de Brasília. “É um passo de iniciação para o próximo projeto. O nosso objetivo é, portanto, aumentar a movimentação em torno do cuidado com o que nos cerca.”

Em 2008, Álvaro Nunes teve dois trabalhos premiados pelo New York State Museum, respeitada instituição no âmbito da história natural no mundo. O artista venceu por cinco vezes o prêmio Olho de Boi, conferido pela Empresa de Correios e Telégrafos (ECT) aos artistas que mais se destacaram no design de selos no Brasil.

Publicado no Divirta-se

Um comentário:

Mateus Baeta Neves disse...

Cuidado com o Thiago, viu, Ana? Um cara que vai para o bar e não bebe é capaz de tudo! hahha brincadeira.. dá uma ajuda pra ele aí ;)
Adorei sua visita lá no blog e os inesperados elogios. Vindos de você, valeram dobrado!
Ah, e parabéns pelo Grito. Adoro a leveza apaziguadora que os textos transmitem, mesmo quando tratam de assuntos carregados. Beijos!