domingo, 7 de setembro de 2008

Ele passarão, eu passarinho

Não se sabe com que intento um passarinho pousa em nossas mãos ou retorna de outros ares. Olho para ele e não decifro o que há em seus olhos. Tenho medo que alce vôo e parta como outros. Não como outros exatamente, pois este é o primeiro alado que se aproxima. Por que será que os ventos lhe trouxeram para perto? Semelhanças intrigam-me e questionam-me se não seria uma prova de aprendizado ou a prova da possibilidade.

A pardalzinha fica entre verdes a admirar seu vôo azul. Modesta, ela quer o que lhe parece grande... Como para engrandecê-la ou porque já não suporta mais pequenezas. Talvez ele seja miúdo como um macaco que lhe fez troças, mas talvez não seja. Enganamo-nos com as aparências, mas não há regra, não há premonição. Gosto de dar chances ao acaso e ao que a vida traz.

Às vezes, vejo-o um beija-flor. Faz-me graças com suas asinhas inquietas e logo parte para outras flores. Mas ainda volta para me fazer sorrir. Até quando voltará, não sei. Admirar-lhe faz-me bem. Como um bom livro e um bom perfume, gosto de postergar o prazer que proporcionam, reduzo a velocidade das palavras e economizo nas gotas pelo corpo. Diferentemente de outras vezes em que devorei migalhas com apetite voraz.

A surpresa pode ser a obviedade invisível aos olhos dos viciados na linha retilínea e monótona da vida que os impede de acreditar no improvável. A visão romântica do caminho ou de vôos faz crer no impossível possível. E por que não?! Ou que então decida bater asas e voar longe... Deixo a vida fazer o que ela faz melhor...

"Se as coisas são inatingíveis, ora! Não é motivo para não querê-las. Que tristes seriam os caminhos se não fora a presença distante das estrelas."
Mario Quintana

Um comentário:

Elaine Pivoto disse...

Oi! :))
Lindo! Lembrou-me o filme tão longe tão perto. Não sei porquê. Uma semana estrelar para ti. :))