O que me ocorreu, surpreendentemente, foi a transposição da história para a minha vida ou a inversão da realidade para papéis que não escrevi. Fui Adriano Pontes, fui Lana Martins. Agora não me vejo como aqueles cidadãos que abordam atores e atrizes nas ruas. Vi-me nos personagens e questiono se todo leitor e/ou espectador se vêem nas páginas e tela à sua frente?! É narcisismo ver-se dessa forma ou é busca do conforto da semelhança?
O livro é delicioso, de fato, mas senti o gosto doce e amargo de suas páginas. Doce pela fruição da história, pelo despudor de cenas e personagens, pelo português bem escrito, pela convergência de admiração e realidade. Amargo por uma questão estritamente pessoal. Vi-me demasiadamente nas cenas e descrições do capítulo final. O desenrolar dos últimos acontecimentos tocaram-me no âmago, e o autor deixou-me sem chão… Li ininterruptamente para buscar o desfecho, mas ele propositadamente o deixa em reticências…
O gosto do encontro é acre-doce, bom e ruim, confortável e desagradável. É como se a língua não soubesse discernir qual sabor prepondera ao deparar-se com o alimento em sua boca. É um delicioso que intriga, incomoda, perturba. E o autor, em sua maestria, enfatiza o que sabe ser o seu intento e sabor. E, assim, mantém o suspense do leitor ao comunicá-lo para as próximas leituras. Ou melhor, não é bem uma comunicação, mas uma convocação. Sente-se falta de um ponto final, pois se busca o que é diferente no plano real, visível, tangível.
Infelizmente o livro não está disponível
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