sábado, 2 de agosto de 2008

A benção, Pepeu!

Não é a toa que esse gênio brasileiro é um dos dez maiores guitarristas do mundo e o maior da América Latina. Por mais que se diga, é preciso vê-lo e ouvi-lo de perto, para sentir sua paixão, sua vida dedilhada nas entranhas de uma guitarra. Os trejeitos com os lábios, o fechar dos olhos, o levantar-se da cadeira, são a demonstração de uma paixão que não cabe em si e da genialidade que transborda em uma alquimia de sons e ritmos, brasileiros e estrangeiros. Do bolero a salsa, com direito a samba, choro, jazz, bossa-nova, MPB, frevo, baião, maracatu, reggae, sempre, é claro, com uma sua pitada extragrande de heavy metal, é uma mistura que mostra que tudo é possível com aquela dupla.

A proximidade com o público que o Clube do Choro permite torna explícitas as cenas de amor entre Pepeu e sua guitarra. Ali, pode-se testemunhar a intimidade dos dois, como se ambos fossem os únicos a dominarem determinada língua. Ambos parecem feitos um para o outro e a platéia assiste a orgasmos do artista e a gemidos do instrumento. Uma sinfonia inesquecível e que embevece a qualquer um com sensibilidade e bom gosto. A grandeza do artista está em também apresentar seus músicos com freqüência e dar-lhes instantes de um verdadeiro show. Enaltece todo o tempo seu irmão, Jorginho Gomes, baterista, principalmente quando diz que “sem ele, ele nada seria”.

Pepeu Gomes, com 56 anos, mantém a jovialidade e a sensualidade. Nem com as raízes do cabelo recém-pintadas, suspeita-se que os anos tenham passado para ele. Simpatia e bom-humor são outras características visíveis naquele rockeiro de corpo e alma. Ao final do show, após cerca de duas horas de uma paixão contagiante, Pepeu consegue emocionar ainda mais o seu público. Arrepia-se ao ouvi-lo tocar o Hino Nacional brasileiro naquelas cordas. É uma sensação indescritível... E, como não poderia deixar, ele termina de vez o show com uma palhinha de Satisfaction, dos Rolling Stones. Simplesmente delicioso, inesquecível e arrebatador! Definitivamente, um gênio, um artista, um músico, uma pessoa, um homem apaixonante!

Não sabe quem é Pepeu Gomes?

Pedro Anibal de Oliveira Gomes, conhecido como Pepeu Gomes, é cantor, arranjador, compositor e multi-instrumentista. Ele aprendeu a tocar violão de ouvido, na infância, em Salvador, sua cidade natal. Aos 11 anos, formou sua primeira banda, Los gatos, e, em 1966, com 14 anos, tocou profissionalmente com o grupo Os minos. Com sua próxima banda, The Leif’s, acompanhou Gilberto Gil e Caetano Veloso no lendário show de despedida pré-exilio Londrino em Julho de 1969. Em 1970, com Moraes Moreira, Paulinho Boca de Cantor, Galvão e Baby Consuelo (hoje Baby do Brasil), formou o grupo Novos Baianos. Depois de sua carreira solo consolidada, apresentou-se seis vezes no Festival de Montreaux, tocou no Rock in Rio I, II, III, no Free Jazz, e fez varias apresentações no exterior.

Pepeu Gomes foi considerado pela revista americana Guitar World, um dos dez melhores guitarristas do mundo e o melhor na América Latina na categoria world music. A edição brasileira deste mês da revista Rolling Stone elegeu os melhores discos da música brasileira. Como maior disco brasileiro de todos os tempos, foi escolhido Acabou Chorare (1972), dos Novos Baianos, composto por Moraes Moreira, Baby Consuelo, Pepeu Gomes e Paulinho Boca de Cantor.

2 comentários:

Elaine Pivoto disse...

Oi, moça de riso frouxo. rs.
Gosto muito do seu blogue. Tenho acompanhado-o desde que criei o meu. Gosto da forma como você escreve. É delicada... Quem me dera escrever assim. :-)
Gostaria de saber se posso blogar o seu blogue no meu e se poderias blogar o meu blogue no seu. Eu não te conheço. Nunca te vi. Ainda assim, quem sabe possamos nos conhecer.
Grande abraço!
Elaine Pivoto.

Anônimo disse...

Fiquei com vontade de assistir ao show. Na próxima oportunidade, irei.

Beijos, minha escritora querida.
:)
Flávia